
A região amazônica concentra 99% dos registros de casos. Saiba como reconhecer os sintomas e quais tratamentos são indicados em caso de suspeita da doença
A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium e típica de países subtropicais e tropicais, como é o caso do Brasil. Assim como a dengue e o chikungunya, a doença pode ser desenvolvida em níveis graves e também é transmitida por mosquitos infectados.
A região da Amazônia registra a maioria dos casos brasileiros de infecções por malária. Isso porque alguns fatores potencializam a contaminação, entre eles a geografia e o clima da região, caracterizado pelos altos índices de calor e umidade, e por grandes extensões de áreas alagadas, o que acelera o ciclo reprodutivo dos mosquitos e parasitas.
Outro aspecto que tende a agravar os casos da doença em regiões da Amazônia é a dificuldade de acesso a serviços de saúde na região, marcada por longos deslocamentos e desertos habitacionais.
"O problema vai além das condições naturais: atividades como garimpo, pesca e desmatamento levam pessoas para áreas de alto risco, muitas vezes sem proteção adequada. É um cenário complexo. O desafio é grande, mas ações direcionadas podem mudar esse panorama. Cada caso evitado ou diagnosticado a tempo representa vidas salvas", comenta Evandro Rios, médico e professor do Instituto de Educação Médica (IDOMED).
Infecção, sintomas e diagnóstico
O adoecimento ocorre por meio da picada da fêmea infectada do mosquito Anopheles, também chamado de mosquito-prego, que injeta parasitas no sangue do indivíduo. Outras formas de transmissão da doença são por meio da transfusão de sangue e, embora seja mais raro, de mãe para filho durante a gravidez.
No Brasil, os protozoários mais comuns são o Plasmodium vivax, P. falciparum e P. malariae, que representam níveis diferentes da doença, que pode ser grave e até levar à morte.
Em relação aos sintomas, entre os principais estão febre alta intermitente, calafrios, tremores, suor intenso, dores no corpo e na cabeça, fraqueza, fadiga, náusea e vômitos. Estes podem ser confundidos com outras doenças mais brandas e por isso a importância do diagnóstico precoce.
"O diagnóstico é feito principalmente pelo exame de gotas espessas e esfregaço de sangue, que identifica o parasita no microscópio. Em regiões com menos infraestrutura, como muitas vezes é o caso dos municípios da Amazônia, os testes rápidos são uma alternativa eficiente para agilizar a confirmação da doença", diz o médico.
Tratamento
Após o diagnóstico da doença, o tratamento deve ser iniciado imediatamente. O Sistema Único de Saúde (SUS) garante assistência gratuita para os casos. "O tratamento varia conforme o tipo de parasita causador da infecção. Para os casos de P. vivax, utilizamos a combinação de cloroquina e primaquina. A cloroquina age contra as formas do parasita no sangue, enquanto a primaquina é essencial para eliminar os hipnozoítos - formas dormentes no fígado que podem causar recaídas meses depois", explica Evandro.
Grupos de risco
Dados do Ministério da Saúde apontam que houve 27.186 ocorrências da doença somente nos primeiros meses de 2025.
"Crianças menores de 5 anos, gestantes, idosos, pessoas com baixa imunidade e quem nunca teve contato com a doença – como turistas – são os que mais sofrem com a malária. Nestes grupos, a infecção pode evoluir rapidamente para complicações graves ou até morte. O alerta é claro: em áreas de risco, prevenção e diagnóstico imediato salvam vidas", alerta o médico.
Como prevenir
A prevenção é o primeiro passo para o controle da doença, sobretudo em áreas endêmicas e remotas. Ações individuais e coletivas fazem a diferença na hora de se proteger e garantir a saúde da comunidade.
De forma individual, é recomendado o uso de mosquiteiros cobertos com inseticida, uso de repelentes – sobretudo à noite, preferência por roupas de mangas compridas e calças e evitar visitas a áreas de matas e rios ao entardecer ou pela noite, que são horários de maior atividade dos mosquitos.
Já as ações coletivas que podem ser adotadas são a pulverização das casas com inseticidas, diagnóstico precoce e tratamento imediato, ações de educação em saúde e meio ambiente e monitoramento de casos.
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